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sexta-feira, abril 13, 2007


Pequenas coisas

Odeio sentir-me frágil e atingida por pequenas coisas, pequenos aborrecimentos diários, que dentro de um copo vazio, seriam apenas mais uma gota. Acontece que estou farta e pequenas coisas me afetam mais que as grandes, tomando tom de transbordamento contínuo.
Sei que isso acontecerá todo os dias, enquanto não esvaziar os meus recipientes de mágoa e rancor, mas sei que se o fizer agora, mais cedo ou mais tarde terei que repetir movimento, o esvaziamento.
Seca de mágoas, nada me supita e é este estado de saturação que me leva ao desabafo, ficaria vazia de argumentos, me calaria mais uma vez. E o que mais faço é me calar, fechar meus sentidos para o que me abafa o peito e me faz chorar. Silenciados os soluços e lamentos, minhas palavras fazem sentido, tocam corações alheios, dançam na imaginação fértil de muitos.
Eis a ode de viver, um fardo pesado demais para meus olhos sensíveis, cansativo demais para meus ouvidos insanos e podre demais para minha boca de escárnio e mal-dizeres.
Dizem que a vida é feita de pequenas coisas, meu sofrimento sim, é feito delas.

quarta-feira, abril 04, 2007


Olhe, olhe mais uma vez
Tente apalpar
Descubra do que sou feito
Sou mais que aparento
Sou milhares de fragmentos
Juntos, encrostados
Em um só indivíduo
E me divido
Em todos os elementos
Em faces estranhas
Até para mim
Não reconheço
Minhas entranhas
Meus confins
Agressivo e frágil
Cálido e profano
Olhe-me,
Olhe-me mais uma vez.